As festas delirantes continuam.
Ardem fogueiras nos cais
a iluminar as gôndolas os vaporettos
e os barcos rococó que transportam os convidados.
Borboletas papagaios e faisões azuis enquadram as conversas
dão cor à cena
e atravessam-na
pelo chão ou pelo ar
rapidamente ou devagar
confundindo-se com os vestidos de folhos
sedas penas e lantejoulas
e com as máscaras
interceptando os sentidos
e impedindo a percepção nítida da realidade.
A música arrepia os corpos
as garrafas dançam no ar
os copos beijam-se e estremecem
o vinho
as palavras abrem-se e voam
por entre risos e uivos.
Há já pessoas que se descalçam
e caminham na superfície da água
a cambalear.