– Que bela criatura voa aqui à minha volta! O que és tu?
– Sou uma borboleta.
– Uma borboleta! – disse o cedro. – És tão bonita! Pára e faz-me companhia!
– Não posso, cedro. Tenho de polinizar estes malmequeres todos até ao cair da noite.
– Se ficares conto-te histórias de todos os que já se deliciaram com a minha sombra
e com o orvalho que me escorre da rama.
– Está calor e tenho alguma sede…
– Fica aqui a viver comigo, poliniza-me a mim! E no Inverno, se quiseres, podes subir-me pelo tronco para procurares um ramo onde te abrigues.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Na Tua Pele
Na tua pele, é evidente
o invisível percurso ciciante
traçado pelas minhas unhas afiadas.
Nele podem ouvir-se, subliminares,
entre os teus queixumes prolongados,
as exigências de um toque mais profundo.
Obedeço-te
e as plumas do leque espalham-se,
uma a uma,
pelo lençol.
o invisível percurso ciciante
traçado pelas minhas unhas afiadas.
Nele podem ouvir-se, subliminares,
entre os teus queixumes prolongados,
as exigências de um toque mais profundo.
Obedeço-te
e as plumas do leque espalham-se,
uma a uma,
pelo lençol.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Mudar as Cores
As mariposas nascem com tons menos apelativos do que os das borboletas
e mantêm durante a sua curta vida o desejo de mudar de cores.
Mas o rio mal corre
nele não há rápidos
em que se possam lavar para apagarem as cores primitivas.
Por isso as vemos dissimuladas
a trespassar e a percorrer
em vão
as cores do arco-íris.
Há contudo alguns pintores,
geralmente daltónicos,
que se deixam impressionar pelos seus apelos discretos
e as pintam com cores variadas.
Com elas conseguem então
imitar as borboletas
e até superá-las.
e mantêm durante a sua curta vida o desejo de mudar de cores.
Mas o rio mal corre
nele não há rápidos
em que se possam lavar para apagarem as cores primitivas.
Por isso as vemos dissimuladas
a trespassar e a percorrer
em vão
as cores do arco-íris.
Há contudo alguns pintores,
geralmente daltónicos,
que se deixam impressionar pelos seus apelos discretos
e as pintam com cores variadas.
Com elas conseguem então
imitar as borboletas
e até superá-las.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
O Sal
Sente o sal que te seca e encrespa
a pele antes molhada.
Caminha dormente na areia dura
à beira-mar
desvia-te das ondas
que indolentes te querem lamber os pés
grita e expulsa tudo o que te atormenta
e te impede de respirar
correctamente
e quando te sentires finalmente aliviado
volta e vai para casa.
Mas antes passa pelo jardim
e deixa-te conduzir
por entre as flores
num carro de mão que chie.
a pele antes molhada.
Caminha dormente na areia dura
à beira-mar
desvia-te das ondas
que indolentes te querem lamber os pés
grita e expulsa tudo o que te atormenta
e te impede de respirar
correctamente
e quando te sentires finalmente aliviado
volta e vai para casa.
Mas antes passa pelo jardim
e deixa-te conduzir
por entre as flores
num carro de mão que chie.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Estendida a mão
Estendida a mão
quer-me
e eu acaricio-a
o toque sobe rapidamente
pelo braço pelo sangue
em sentido oposto
e dirige-se veia
até ao coração
pára ali alguns segundos
as tuas maçãs do rosto ficam vermelhas
e dirige-se depois artéria
à boca
onde nasce um sorriso amplo e cúmplice.
Durante esses momentos
o que acontece à nossa volta
não acontece.
quer-me
e eu acaricio-a
o toque sobe rapidamente
pelo braço pelo sangue
em sentido oposto
e dirige-se veia
até ao coração
pára ali alguns segundos
as tuas maçãs do rosto ficam vermelhas
e dirige-se depois artéria
à boca
onde nasce um sorriso amplo e cúmplice.
Durante esses momentos
o que acontece à nossa volta
não acontece.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Todo o Som que o Invade
Todo o som que o invade
sublime, inexperiente
branco, a excitar-lhe a mente
é apenas uma das variações do silêncio.
Ilude-se com ruídos da vida
de objectos, dos outros, de animais
de florestas-virgens
repletas de casulos, de crisálidas.
Porque ele não sabe,
não canta, não embala,
passa sempre, vai andando,
abre a boca, mas não fala.
sublime, inexperiente
branco, a excitar-lhe a mente
é apenas uma das variações do silêncio.
Ilude-se com ruídos da vida
de objectos, dos outros, de animais
de florestas-virgens
repletas de casulos, de crisálidas.
Porque ele não sabe,
não canta, não embala,
passa sempre, vai andando,
abre a boca, mas não fala.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Tatuagens
Deitados lado a lado
voltados um para o outro
levamos lentamente as pernas
para as barrigas
fazendo deslizar
a pele
pela pele.
As mãos, que estavam
dadas, separam-se agora
e vão fazer tatuagens
invisíveis, mais abaixo.
voltados um para o outro
levamos lentamente as pernas
para as barrigas
fazendo deslizar
a pele
pela pele.
As mãos, que estavam
dadas, separam-se agora
e vão fazer tatuagens
invisíveis, mais abaixo.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Fogo Gélido
Ardem em altas chamas
intocáveis corações rubros
ligados uns aos outros
por invisíveis calafrios.
Contemplamos todos este fogo gélido
com receio
não de que ardam também os nossos corpos
mas de que não estejamos presentes
quando ele nos escolher.
intocáveis corações rubros
ligados uns aos outros
por invisíveis calafrios.
Contemplamos todos este fogo gélido
com receio
não de que ardam também os nossos corpos
mas de que não estejamos presentes
quando ele nos escolher.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Momentos Escher
Às vezes, nestes momentos Escher
quando penso na teoria do caos
quase desejo que se abra outra sala
com mais escadas
por onde não sei se suba se desça
ao lado das duas salas
que já existem
na casa onde não sei se sou hóspede
ou dono (ninguém sabe).
Se outra sala surgisse
outras mais surgiriam com mais escadas
por onde não sei se subiria se desceria
e deixar-me-ia levar num vórtice louco.
(Sei bem como me hei-de acalmar.)
quando penso na teoria do caos
quase desejo que se abra outra sala
com mais escadas
por onde não sei se suba se desça
ao lado das duas salas
que já existem
na casa onde não sei se sou hóspede
ou dono (ninguém sabe).
Se outra sala surgisse
outras mais surgiriam com mais escadas
por onde não sei se subiria se desceria
e deixar-me-ia levar num vórtice louco.
(Sei bem como me hei-de acalmar.)
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